Fui finalmente jantar ao restaurante judeu de Gibraltar. Chama-se Tamid, o que significa Para Sempre em hebreu. É um nome bonito para um restaurante, Para Sempre (as maiúsculas são minhas). Uma vez amei uma senhora a quem dizia amo-te desde e para sempre. É parcialmente verdade: o verbo amar não tem passado, só tem presente e futuro.
Amamos para sempre quem amámos, essa é que essa. E se não for devia ser.
O restaurante é óptimo, impecável, maravilhoso.
Comi um hummous que não é tão bom como o meu (tem demasiado alho), um borrego que é melhor do que qualquer borrego que jamais comi, e saí do restaurante com uma indomável vontade de ouvir música klezmer.
O que me levou, por vias travessas, a isto (não liguem ao Lou Reed e Laurie Anderson do título e oiçam o Marc Ribot, o Joey Baron e o Zorn, claro):
A vida é tão simples e nós perdemos tanto tempo a tentar complicá-la... E o pior é que não conseguimos: a simplicidade acaba sempre por vencer. Ou a verdade, se preferirem: um bom whisky, um jantar, um corpo com sentido e com sentidos. E um livro ou dois, uma boa música, um bocadinho de mar e muito vento. Um doble corona Vega Robaina comprado a um candongueiro no Panamá. E sol, que chuva nem no whisky. Excepto se houver uma lareira por perto e um bom cozido, claro. E boa companhia.
Era isto que eu queria dizer: passamos demasiado tempo a complicar o tempo que temos. Hoje saiu-me na rifa um restaurante judeu (sefardita, para quem esses pormenores interessarem), um bom whisky e boa música.
Hallelujah.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.