Bocas del Toro é um sítio magnífico, e o meu trabalho é um trabalho magnífico. Que duas magnificências por vezes se encontrem e se acordem mutuamente é uma sorte, uma dádiva, uma bênção.
Hoje foi mais um dia daqueles que me fazem pensar que percebo quem pensa que o meu trabalho não é trabalho (e a minha vida não é vida, mas quem pensa isso são sobretudo senhoras e a opinião das senhoras sobre mim está muitas vezes, forçoso é reconhecê-lo, equivocada).
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A ideia original era ir a Dolphin Bay. Tínhamos duas clientes e uma convidada, e nunca fui a Bahia Porras (o nome panamiano do lugar, provavelmente muito exacto). Mas estava a chover para aquelas bandas e resolvi cambar e ir a paragens mais conhecidas e soalheiras, em Cayo Solarte.
Paragens conhecidas em Bocas é uma falsa expectativa. As ilhas assemelham-se todas, as passagens entre elas não estão em carta nenhuma (hoje fiz dois tracks que passam sobre terra, bem no meio) e lá foi mais um sessão de exploração, Apocalipse Now agora, já.
Foi uma boa aposta: só choveu um bocadinho a meio da tarde.
E o HELENA S. portou-se à altura (ou à falta dela); este barco deve ter rodas nas quilhas. Ainda não sei exactamente onde está o zero da sonda, mas sei que com 0,1 pé (não é erro, a sonda está em pés) passo. Também sei, mas não por experiência própria, que com zero pés passo.
A próxima etapa é determinar o zero da sonda :-)
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Não é altruísmo. Gosto de ver passageiros desembarcar felizes. É a única coisa que me faz pensar que aquilo que faço é trabalho. (Se pensasse que o trabalho se deve traduzir em dinheiro perderia a minha fé na semântica. Ou no trabalho, o que seria muito pior).
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