27.4.14

Diário de Bordos - Cidade do Panamá, Panamá, 27-04-2014

Do Balboa Yacht Club vêem-se passar todos os navios do mundo, do mais banal ao mais estranho e específico.  O tráfico de Ro-Ro, essas estranhas garagens flutuantes é incessante. Ao todo, aproximadamente quatorze mil embarcações passam anualmente pelo Canal.

O qual contribui de forma significativa - mas não única, ao contrário do que muitos pensam - para a economia do Panamá. Infelizmente essa contribuição não se reflecte no imaginário dos panamianos. Fora do universo das empresas ligadas à navegação parece que o "atalho entre os mares" não existe. Poucas são as lojas, os restaurantes, hotéis, cocktails, pratos, peças de teatro com nomes ligados àquilo que foi uma das maiores realizações da humanidade em geral, do século. XIX e do Ocidente em particular (o Canal é uma obra do séc. XIX, apesar de ter sido inaugurado em 1914, faz em Agosto cem anos).

Na cidade há um museu dedicado ao Canal.

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Ser aceite num táxi em Panamá é um privilégio, uma honra, um favor pelo qual devemos dar graças ad eternum.A maioria das vezes o taxista não pára; quando o faz e ouve para onde vamos arranca sem o menor sinal de que ouviu o que lhe dissemos (há excepções: os mais polidos dizem não!, ou pelo menos acenam com a cabeça). Finalmente um pára, ouve para onde vamos, diz que sim, deixa-nos entrar e aí começa a segunda fase do processo: acordar uma tarifa. Há várias estratégias: não dizer nada e pagar a tarifa "normal" - é arriscado porque há várias tarifas "normais" mas por vezes funciona; combinar uma tarifa antes - ou seja, dizer ao (nem sempre) senhor que não somos daqui -; uma mistura dos dois (iniciar a conversa quando já se vai a meio do percurso) ou não fazer nada, pensar que se está farto de discutir com taxistas por causa de um dólar ou dois (no fim do dia são muitos dólares) e amaldiçoar o sistema de autocarros, a chuva, o Panamá em geral e os taxistas em especial, ir para casa e dormir.

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Estou de folga. Pus umas calças compridas, o pólo de sair à noite (um pólo roxo que começa a perder um bocadinho da sofisticada cor, apesar de ser quase novo) e fui perder-me pelo meu Panamá: a Cinta Costera e o Casco Antiguo. São os meus últimos passeios por aqui, um país onde acabei por passar quase um ano. Saio contente por sair, contente por ver que este ano chegou ao fim, contente por ir conhecer um sítio que não conheço, contente por ir para o mar.

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A funcionária do McDonalds limpa repetidamente o nariz ao colarinho da camisa. Deve estar constipada, coitada.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.