Dizer que o jantar ficou bom é um exagero, ou pelo menos dar crédito à generosidade dos comensais. Digamos que ficou agradável, comestível, prometedor: um dia reproduzi-lo-ei numa cozinha a sério.
Por cozinha a sério entendo água corrente, utensílios eléctricos, uma panela, um fogão onde caiba mais do que uma frigideira (grande) de cada vez, espaço para cortar os ingredientes, iluminação que não me obrigue a usar aquelas estúpidas lanternas que se põem na cabeça, um frigorífico e mais meia dúzia de coisas que alguns barcos têm - basta serem maiores do que o adorável KARL, não estarem em seco e em fase de pintura do casco -.
Enfim, a sopa fria de pera-abacate foi uma imagem aproximada do que pode ser. Esmagada à mão apera-abacate deu o que podia. A improvisação também, mas vale a pena registá-la aqui, para futuras referências.
Comecei por saltear as batatas. Tirei-as da frigideira e salteei a carne (costeletas de porco, cortada aos bocadinhos pequeninos porque só havia três costeletas e éramos quatro). Seguiu-se-lhe a cebola e os pimentos, cortadinhos finos.
Déglacé le fonds de la poêle com vinho branco; misturei tudo, polvilhei de paprika e cominhos, levei a lume forte e pouco antes de ir para a mesa juntei o vinho da déglaçage, deixei evaporar.
Agora imaginem isto com a carne de porco marinada em vinho branco, alho e paprika... Enfim, imaginem isto feito numa cozinha.
Não ficará tão bom, porque a cozinha improvisada é uma coisa e a cozinha a sério outra, e de qualquer forma um jantar é muito mais do que a comida. Eu gosto desta. E da outra, verdade seja dita. Gosto de todas.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.