Há coisas que nascem tortas, e por mais que se faça ficam inquinadas até ao fim. Esta viagem para São Luís é uma dessas coisas. Ontem, ao fim de quatro horas de voo o avião voltou para trás, por razões técnicas. Eu estava sentado à altura das asas e ouvi realmente um barulho no motor, uma espécie de pancada. Pouco depois fazíamos meia-volta, rumo a Lisboa. Quase oito horas no ar para nada. (Ou seja, já nem estar "sentado no avião, portas fechadas e cabo de energia desligado" chega).
Às onze da noite uma funcionária da TAP ligou-me a avisar que o voo era às oito da manhã, e que eu devia estar no aeroporto às seis.
- E a ligação Brasília - São Luís?
- Ah, desculpe, isso ainda não fiz. Vou fazê-la agora e depois telefono a dizer-lhe.
- Minha senhora, não me telefone, por favor. Faça a reserva e amanhã eu saberei.
Hoje chego ao aeroporto e afinal o voo é para amanhã, dois dias depois da data prevista. Provavelmente por causa da ligação interna. Os voos no Brasil estão cheios, claro, por causa de um campeonato de futebol. Mas a senhora podia ter enviado um SMS a prevenir, não? Não sei. Provavelmente não.
A verdade é que hoje lá passei mais uma hora e meia na loja da TAP a ver se havia alternativas e não há; vou amanhã. O desinteresse e a falta de empatia da senhora que me atendeu ao balcão
da loja da TAP no aeroporto mereciam uma medalha, um filme, um
monumento. Dois dias de atraso - os dois dias que eu queria ter em Lisboa acabaram por chegar, por portas e vias travessas. Ou um, pelo menos, que o de ontem foi passado no ar.
Reconheçamos: ter de acordar duas vezes às seis da manhã para nada é um preço ligeiro para mais um dia em Lisboa. Mas a verdade é que não consigo deixar de me chatear. Não vou para São Luís de férias, e quanto mais depressa aquele barco estiver pronto melhor.
Já estou em São Luís, na verdade. E Lisboa assim não é Lisboa, é só metade. Lis.
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