"meu avô quando perdeu as terras
ficou rodando com um bando de jagunços
por dois anos o interior do Pará
em busca dos culpados
acabou sozinho e doente
nos fundos de um posto de gasolina
no norte do Mato Grosso
do Sul
dormia numa rede emprestada
pelo dono do restaurante
e passava os dias bebendo
numa mesa do canto
uma vez
espancou um sujeito que
sugeriu que alguém tão calado
devia ter muito que esconder
enquanto batia sua cabeça
contra a quina do balcão
meu avô gritava
"EU TENHO BRIO"
cresci ouvindo essa história
da boca do meu pai
que foi buscá-lo assim que
descobriu seu paradeiro
alguns poemas
simplesmente me chegam por herança"
Fabrício Corsaletti, in Revista Piauí, 102, Março 2015
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.