Não sou grande fã de praia. A areia, a logística, a promiscuidade levam-me a preferir o recato de um bar (de praia, se for absolutamente necessário). Red Frog Beach tem uma desvantagem por cima destas todas: é impossível resistir-lhe. Nem a presença do Palmar Tent Lodge facilita a troca de um banho por um bar. Cada vez que tento a tensão é enorme. (Agradável, note-se. Mas enorme).
Ontem não resisti. Trouxe uma toalha (na verdade o tecido para a rede que comprei em Belém há cinco anos), pus o fato de banho azul, o que mais parece calções e fui nadar.
Mesmo sem óculos é a praia mais bonita que conheço - incluindo Ponta do Ouro, Salt Whistle Bay, Salines e Guincho (que de resto não é uma praia particularmente bonita. Parece porque a que conhecemos desde a infância). Se fosse preciso escolher uma praia para morrer por ela escolheria Red Frog Beach, apesar do nome.
Hoje não fui nadar. Refugiei-me num rum ou dois, num cigarro e numa daquelas cadeiras que nos transportam de onde estamos para o céu sem passar pela morte. A logística é mais simples: basta um porta-moedas pequeno e uma infinita capacidade de sonhar. Eu sei sonhar.
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Bocas del Toro, sobretudo em dias como o de hoje tem uma luz que faz a de Lisboa passar por um gigantesco néon. A razão é a humidade, claro. Tal como em Lisboa, de resto. A diferença é que aqui a luz é reflectida pelo mar, dum lado; e absorvida pela floresta tropical, do outro. Se alguém quiser testar a teoria do Einstein sobre a constância da velocidade da luz devia vir para Bocas del Toro. Vê-se imediatamente que não é constante. Muda a cada passa que damos, consoante a direcção para a qual olhamos.
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Mais um dia. Menos um dia. Não me refiro à contabilidade da vida. Refiro-me ao tempo que me separa de ir para o mar.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.