Os nimbus voltaram e com eles a chuva, claro. Mas não são suficientes para me tirar o bom humor. A ideia de que largo segunda-feira paga um ciclone, longe vá o agoiro, quanto mais meia dúzia de nuvens baixas e cinzentas que além disso têm a vantagem de arrefecer a manhã.
É uma alegria injusta, eu sei. O país não tem culpa dos meus déboires. Mas a verdade é que estou ansioso por chegar a St. Maarten e ainda mais por a deixar e aterrar em Lisboa, ainda que por pouco tempo. Estranho nómada este, que tanto sonha com a sua terra que qualquer dia a faz sua de novo.
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Chegou um Outremer 55. Quem acha que não há catas bonitos devia olhar para este. No fundo é um Kelsall desenhado por um francês. O que sonhei com este barco raia o inconfessável.
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O Mathew ainda não me disse se vem ou não, mas com a confirmação do Bernard estou menos preocupado. Gostava que ele viesse porque é simpático e traz um monte de coisas de que preciso mas se não vier paciência.
Bernard tem sessenta e cinco anos. Mandou-me um CV mas não o li. No papel pode escrever-se o que se quiser. No mar não.
Chega amanhã à noite. A ver, como dizia o ceguinho. Este pelo menos sabe o que o espera e não é nenhuma criança à cata de experiências para vivenciar.
Ou experienciar, não sei. Sou parco de vivências e de experiências no plural.
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Parece-me que o inchaço no ombro esquerdo está a diminuir. Um dia crio uma farmacêutica e chamo-lhe Indiferença, Placebos e Outros Remédios.
Não lhe auguro grande sucesso. Fica melhor como título de um livro.
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E. quer contratar-me para levar o cata da Sunsail para Fort Lauderdale.
Aí está um projecto apaixonante. Depois de reparado a ideia é fazer charters em Cuba, ou entre Cuba e os Estados Unidos.
Muito provavelmente não dará em nada, mas que é um nómada sem um sonho? Um refugiado, talvez.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.