O dia ainda não acabou, é certo; e esta sucessão de boas notícias não precedidas nem seguidas por más vai acabar, eu sei. O real encarregar-se-á de lhe pôr cobro - e estatisticamente de ma cobrar -.
Paciência. Por enquanto limito-me a usufruir dela, sem pensar demasiado no que aqui me trouxe ou espera.
O cheque que pensava ter disponível daqui a uma semana já o está, foi levantado e parcialmente trocado por comida no supermercado; o mecânico diz que vem hoje à tarde (ainda só tem vinte minutos de atraso. Se chegasse agora seria como ter uma hora de adianto); e para terminar: acabo de fazer um Colombo de peixe (mero) que ficou, no dizer da tripulante, "excelente".
Partilho a opinião, passe a imodéstia. Estava bom. A culpa não foi minha, esclareço; foi das senhoras que me venderam as especiarias, o peixe e os legumes, por esta ordem.
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De modo que hoje é, resolvi, dia de paga e em dias de paga não há marinheiro digno desse nome que trabalhe.
O mecânico veio e foi, o que do Colombo resta está no frigorifico, a tripulante dorme a sesta e eu não tardo a imitá-la. A garrafa de rosé que por acaso e quase sem querer trouxe do supermercado está vazia, o ar condicionado ligado e o S. M. em paz com o mundo.
Harmonia, se preferirem.
Isto se considerarmos que o mundo exterior é uma identidade sem estrutura própria. O calor e a vasta extensão de coisas por fazer são ilusões de óptica e só o que cá dentro acontece conta como realidade.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.