Saio de Portimão contente e grato. O hostel - Villarade, para quem estiver interessado - é excelente. A dona é uma rapariga nova, gira, simpática e instila naquilo um espírito de casa de férias mais do que hostel. Tenho alguma pena (podia ser muita mais, admito) das pessoas a quem incomodei por ressonar ou dormir nu. Só ressono quando bebo e só se vê que estou nu quando o lençol escorrega, duas circunstâncias cuja ocorrência simultânea é suficientemente rara para não me preocupar muito.
Conheci alguns restaurantes aos quais poderei voltar e não voltarei tão cedo a um que conhecia. Conheci o bar mais improvável de todos os bares improváveis nos quais já estive. Conheci ou reconheci um barman cuja nobreza e gentileza (as duas qualidades que constituem o profissionalismo de um barman) o levam para o pódio onde estão o Luís da Casa do Largo e outros que já aqui citei. Aborreci-me mortalmente durante os dias mas sobrevivi e não mandei o armador ou a pedante da mulher passear, irrefutável demonstração de que a civilização acaba por penetrar mesmo na mais troglodita das mentes, dado tempo suficiente. Enamorei-me e pela primeira vez em muitos anos tenho mais confiança nesse amor do que medo.
Escrevo num pequeno quiosque frente à estação que parece o cenário para uma versão portuguesa dos miseráveis. Talvez seja a isto que há tantos anos aspiro: ser feliz onde quer que esteja. Feliz não é o termo. É paz. Bonomia. Harmonia. Sintonia. Gratidão.
Não sei. É isso tudo junto.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.