27.10.16

Diário de Bordos - West Palm Beach, Flórida, EUA, 26-10-2016

Acabo no Hullabaloo a ouvir uma pianista medíocre, beber rum Mount Gay e apanhar com um ar condicionado hiper-activo.

Tudo isto está bem para o dia: passei-o a dançar o tango com parceiros em trip de ácido. Acho piada porque normalmente o instável dos filmes sou eu. É uma sensação nova - e não sei se agradável se desagradável - estar no outro lado da barreira. Poder dizer - podre de razão, vejam o anagrama - que os outros mudam como andorinhas entontecidas por milho fermentado.

É uma falsa questão. Desde muito novo sei para onde quero ir. Só lá não estou - ainda - porque gosto de desvios e tenho azar com os atalhos.

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Contratei um filipino. É uma versão acessível, humana, simpática do super-homem. Estou longe de ser o Clark Kent mas sei reconhecer um quando o encontro.

Não, não é bem isto. Sei reconhecer a sorte mesmo num pântano de azares.

Não são azares, estúpido.

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A mulher toca piano tão mal que é enternecedor. O Mount Gay é tão bom que enternece.

A ternura vem de todo o lado, não é? Parece um fogo de artíficio.

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Sem carro e sem Uber West Palm é uma seca, ou uma angústia. Os preços são alucinantes. Há porém uma vantagem: já perdi peso desde que cheguei, apesar de só comer merda.

Ou porque só como merda. É impressionante o que consigo comer pouco daquela coisa.

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