20.12.16

Optimismo, tempos

É preciso imaginar as ruínas de Great Zimbabwe, aqueles muros circulares, concêntricos e misteriosos devastados, demolidos por um bando de elefantes enraivecidos, bêbedos e voadores. Os elefantes atacaram por todos os lados: as ruínas são caóticas, espalham-se em todas as direcções sem ordem aparente. O cenário é aterrador. Não resta pedra sobre pedra. A devastação é total.

"Não faz mal. Tenho os planos dos muros e posso reconstruí-los", diz um homem; mete mãos à obra de seguida. Está cansado, mas aprendeu há muito a viver com o cansaço. "A longo prazo não reconstruir é mais cansativo", explica-se. "As muralhas estão em ruínas mas de qualquer forma tenho os planos".

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O optimismo mata mais gente e provoca mais danos do que o pessimismo. Talvez um gajo devesse ter isso presente antes de fazer seja o que for.

Todavia: sem optimismo uma ruína é uma ruína; com é uma obra, um objectivo quiçá nobre, quiçá risível. Um futuro. Para um pessimista só existe passado.

O passado é uma merda. Tanto é que já passou. Se fosse bom estaria presente, não teria passado.

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