27.10.17

Até aqui

"Não morras já, que tenho uma espada que mata com mais amor".

É dessa espada que te falaria, se quisesses. Mas tu não queres. Dizes-me "cala-te e fere-me". Obedeço. Olho para o ponto no ventre que indicas com a mão enquanto me dizes "Até aqui". É profundo esse ponto. Tenho de ir longe, ao fundo de mim e olhar-te, como fazem os arqueiros zen: tu és o alvo, eu sou o alvo.

"Até aqui". Não te apercebes de que "aqui" fica no centro do tempo: quando lá chego o futuro acaba e o passado dissolve-se.

É assim que entro em ti: a matar com uma espada que mata com mais amor. Mas o amor não é para aqui chamado. Só existe "Até aqui".

Aqui sou eu e és tu. Um círculo, se quiseres; do qual o centro é "aqui" e o raio a espada, o tempo, o indefinível conjunto de coisas que nos levou  "Até aqui".

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