8.7.18

Teologia matinal

Uma das vantagens das religiões organizadas sobre esta espécie de politeísmo sequencial que hoje vivemos é a estabilidade. O Deus e o Diabo dos católicos são os mesmos há dois mil anos.

No século XIX o Ocidente resolveu deixar de acreditar em Deus (e muito bem, de resto). Infelizmente ninguém previu que em vez de Deus (e correspondente diabo) as pessoas - incapazes de viver sem fé, o ateísmo exige um certo esforço - começariam a abraçar uma série de religiões temporárias, umas a seguir às outras. O comunismo terá sido a pior, mais mortífera dessas religiões. A seguir veio o ambientalismo mai-los seus ritos e demónios. Agora vêm os animais.

Por mim tudo bem: idolatrem quem quiserem, demonizem o que lhes apetecer. Se o demónio da semana são as palhinhas, parem de as usar; desde que não obriguem os outros tudo bem. Se ir para uma arena é pecado, não pequem. Levem os cãezinhos ao cabeleireiro canino e os gatos ao veterinário para ser operados às cataratas.

Acreditem no que vos apetecer, quando vos apetecer. Mas aprendam uma coisa que a santa madre igreja aprendeu há duzentos anos: a vossa salvação não depende da minha. Se eu viver em pecado vocês não deixarão de ir para o vosso céu. Se eu não separar a merda do lixo o planeta sobrevive, se acabarem com as touradas a crueldade e a violência não desaparecerão. Vão para os diabos que vos carreguem. Se há coisa que não vos falta é demónios.

Infelizmente estas religiões são demasiado recentes para se cansarem do proselitismo. Esse é um privilégio reservado às velhas crenças, que já viram muito, quase tudo.

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