"Por que palavra começar,
por que desordem?"
- Suporto melhor os erros dos outros do que os meus - disse um dia a uma senhora que percebia mais de manutenção de embarcações do que noventa por cento das pessoas com quem eu tinha trabalhado até ali chegar, todas juntas. Isto é, os saberes adicionados desses todos não lhe chegariam aos calcanhares.
- C'est gonflé, ça - respondeu ela, pequenina, magrinha, loira, bonita, parecia uma pilha AA pintada pelo Hockney. Em francês porque estávamos em St. Martin. (Para quem não fala francês, pode mais ou menos traduzir-se por "Isso é arrogante").
Foram este diálogo e aquela cabeça de fósforo loira que hoje me encheram o dia. Suporto mal os meus erros, por muito explicáveis que sejam. Explicável não é a mesma coisa do que justificável. Por muito que J., o surveyor, me diga que as instruções podiam estar num ingês mais claro. Por muito que eu saiba que a obsessão e a pressa juntas levam a mais erros do que separadas e já assim são muitos. Por muito que o trabalho de um skipper não seja fazer, mas mandar fazer. Por muito que os caminhos do inferno estejam cheios de boas intenções. Por muitos muito que, fiz um erro e vou ter de viver com ele, por muito que a correcção esteja ao virar da esquina.
Daqui a uma semana não restarão traços desse erro senão na minha memória e nas contas: duas coisas que não se apagam.
Talvez seja pedante - é um grande talvez - mas arrogante não sou. Arrumemos então a borrada na sala de aulas da memória. É o melhor armazém de borradas, pelo menos sempre servem para alguma coisa. Concentremo-nos no resto.
.........
Falemos desta Palma: estou a vivê-la só na superfície, tanto dela se me escapa, de tanto fujo. Uma cidade é feita para se viver a dois. Sozinho é uma ilusão; como querer explicar um plano tridimensional com uma folha de papel. São precisas duas.
A menos que se dobre o papel, claro... Não é a mesma coisa.
por que desordem?"
- Suporto melhor os erros dos outros do que os meus - disse um dia a uma senhora que percebia mais de manutenção de embarcações do que noventa por cento das pessoas com quem eu tinha trabalhado até ali chegar, todas juntas. Isto é, os saberes adicionados desses todos não lhe chegariam aos calcanhares.
- C'est gonflé, ça - respondeu ela, pequenina, magrinha, loira, bonita, parecia uma pilha AA pintada pelo Hockney. Em francês porque estávamos em St. Martin. (Para quem não fala francês, pode mais ou menos traduzir-se por "Isso é arrogante").
Foram este diálogo e aquela cabeça de fósforo loira que hoje me encheram o dia. Suporto mal os meus erros, por muito explicáveis que sejam. Explicável não é a mesma coisa do que justificável. Por muito que J., o surveyor, me diga que as instruções podiam estar num ingês mais claro. Por muito que eu saiba que a obsessão e a pressa juntas levam a mais erros do que separadas e já assim são muitos. Por muito que o trabalho de um skipper não seja fazer, mas mandar fazer. Por muito que os caminhos do inferno estejam cheios de boas intenções. Por muitos muito que, fiz um erro e vou ter de viver com ele, por muito que a correcção esteja ao virar da esquina.
Daqui a uma semana não restarão traços desse erro senão na minha memória e nas contas: duas coisas que não se apagam.
Talvez seja pedante - é um grande talvez - mas arrogante não sou. Arrumemos então a borrada na sala de aulas da memória. É o melhor armazém de borradas, pelo menos sempre servem para alguma coisa. Concentremo-nos no resto.
.........
Falemos desta Palma: estou a vivê-la só na superfície, tanto dela se me escapa, de tanto fujo. Uma cidade é feita para se viver a dois. Sozinho é uma ilusão; como querer explicar um plano tridimensional com uma folha de papel. São precisas duas.
A menos que se dobre o papel, claro... Não é a mesma coisa.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.