5.8.18

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 05-08-2018

Tal assim foi o meu dia de ontem: decidido a fazer uma folga total - isto é, incluindo limpeza de sinapses e revisão de circuitos neuronais - saio de casa com um objectivo: um dia num café de praia a trabalhar numa coisa completamente diferente.

Esse objectivo não foi atingido por dus razões, mais ou menos relacionadas: a) não conheço suficientemente as praias de Mallorca para eleger uma apropriada; b) as que conheço não são apropriadas. Resultado, o dia transformou-se numa peregrinação aos locais da memória: Porto de Valldemossa, Sa Foradada, Sa Calobra. Tenho sorte com a memória, reconheço. Qualquer deles é um lugar lindo, nada adequado para rever textos mas óptimos para reflectirmos, por exemplo, nos mecanismos de formação de preços (aqueles são traumatizantes), nos problemas ligados à temperatura da água do mar (vasto tema, esta: vai desde as preferências quando se nada - não consigo perceber pessoas que conseguem gostar de nadar entre o rio Minho e um pouco a leste de Sagres, por exemplo - até ao motor que um dia gripou porque o trocador de calor era demasado pequeno para a temperatura da água) e outras coisas igualmente importantes.

Sa Foradada merece uma menção especial: desde o local onde se deixa o carro atè à "praia" (entre aspas porque aquilo de praia não tem rigorosamente nada) são um pouco mais de três quilómetros, por uma estrada de terra, no meio de uma paisagem linda, cheia de sombras e a cheirar a pinheiro. A temperatura estava acima dos trinta, mas mal se sentia o calor. Quando cheguei fui almoçar, depois fui nadar e depois vim para cima.  A mochila, que à ida pesava seis ou sete quilos pesava agora vinte, a distância aumentou para trinta quilómetros, as sombras desapareceram todas e a temperatura estava quase em cem graus (Celsius).

Devo dizer que apesar de tudo vale a pena lá ir, mesmo sabendo o que nos espera no regresso. Basta não se ir preparado para fazer coisas que não se vão fazer.

Acabei no café Jamaica, em Can Picafort, mas prefiro não falar muito nisso para não estragar. O café chama-se Jamaica como se podia chamar Rossio, a empregada não sabia sequer o que é uma Red Stripe, o chicken jerk foi o pior que alguma vez comi e Can Picafort é um horror. Deixemo-la para outros momentos.

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Em Can Picafort vi pela primeira vez palhinhas com dimensões que iam dos vinte centímetros habituais até mais de um metro, com vários tamanhos intermédios. Quem luta contra as palhinhas não deve vir aqui.

Sendo que as grandes têm a vantagem de se poder beber o cocktail sem ter de fazer o esforço de levantar o copo, que implica como se sabe uma violenta sequência de movimentos  - desencostar-se, inclinar-se para a frente, estender o braço e por aí fora -.

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