13.8.18

Presença, ausência

Escorregas pelas palavras ou são elas que passam por ti, como as árvores que vês na paisagem quando viajas de comboio? (Mentalmente, claro. Viajas apenas na tua cabeça, mas isso não tira verdade nem cor às árvores que vês como se as estivesses a ver).

Estás imóvel nessa noite em que entraste doce, gentil, voluntariamente e elas passam por ti como balas, ou pelo contrário és tu o projéctil e elas alvos esquivos, hábeis, carinhosas e receptivas na aparência, só na aparência?

Não sabes. Vês a noite como um funil sem fim, entraste mas não sais dela, gota de luz perdida no universo. Não sabes se és tu quem se move se as estrelas.

Lembras-te de algumas palavras, longinquas mas que te parecem seguir: amor, solidão, felicidade, melancolia, tristeza, ontem, amanhã. Essas estão sempre contigo, como um escudo, ou são antes os andaimes do teu mundo?

São parte de ti ou dessa paisagem, desse comboio pelo qual anseias, do qual te lembras, onde vives? Onde as pões, essas palavras quando não tens comboio nem paisagem nem noite nem árvores, tempo, luz, nada se não esta ausência tão presente, tão insuportavelmente presente?

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