A chegada a Lanzarote foi pouco auspiciosa. Felizmente não sou supersticioso nem acredito em sinais do além. O automóvel que tinha reservado para chegada não estava: dois erros, dois, numa só reserva; a senhora da casa aircoiso fez-me esperar mais de uma hora, metade da qual na rua (a outra metade foi passada num café simpático a comer frango frito execrável e batatas fritas que num mundo justo levariam quem as fez à prisão).
As desventuras continuaram: passei a manhã a tentar reencontrar o automóvel, uma das pessoas a quem eu tinha de telefonar uma vez aqui não respondia, esqueci-me do carregador do telefone em Barcelona e por aí fora. As catástrofes - verdadeiras catástrofes, sublinho - sucederam-se até que peguei, finalmente, no veículo e comecei uma volta pela ilha. Que é inquietante: no meio destes campos de lava um gajo pensa que as erupções foram ontem e nada garante que não voltem amanhã. À medida que o passeio vai progredindo e a paisagem se entranha a pergunta fica "como é que esta gente extrai comida desta terra? Desta secura, desta violência? Como será esta gente para lá da máscara de simpatia e hospitalidade?"
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O automóvel foi uma fonte de chatices mas creio tê-las resolvido todas, à terceira cola (Superglue, a quem possa interessar).
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Primeira nota: quem pensar que o serviço em Palma é mau devia vir a Lanzarote. Segunda: pelo menos ninguém fala catalão. Terceira: de onde raio de carga de água vêm estes bangladeshis todos? (Depois descubro que alguns são filipinos. Devem vir de muitos lados).
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Lembram-se daquela experiência que fazíamos no Liceu com limalha de ferro? Um gajo aproximava um íman e tudo aquilo se ordenava? Deve passar-se o mesmo com algumas vidas.
Pelo menos a minha, o que já não é mau.
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Pergunto-me como é que se consegue dizer que isto é trabalho sem se desatar numa gargalhada sem fim. Eu consigo: é trabalho. Abençoado, mas trabalho.
As desventuras continuaram: passei a manhã a tentar reencontrar o automóvel, uma das pessoas a quem eu tinha de telefonar uma vez aqui não respondia, esqueci-me do carregador do telefone em Barcelona e por aí fora. As catástrofes - verdadeiras catástrofes, sublinho - sucederam-se até que peguei, finalmente, no veículo e comecei uma volta pela ilha. Que é inquietante: no meio destes campos de lava um gajo pensa que as erupções foram ontem e nada garante que não voltem amanhã. À medida que o passeio vai progredindo e a paisagem se entranha a pergunta fica "como é que esta gente extrai comida desta terra? Desta secura, desta violência? Como será esta gente para lá da máscara de simpatia e hospitalidade?"
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O automóvel foi uma fonte de chatices mas creio tê-las resolvido todas, à terceira cola (Superglue, a quem possa interessar).
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Primeira nota: quem pensar que o serviço em Palma é mau devia vir a Lanzarote. Segunda: pelo menos ninguém fala catalão. Terceira: de onde raio de carga de água vêm estes bangladeshis todos? (Depois descubro que alguns são filipinos. Devem vir de muitos lados).
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Lembram-se daquela experiência que fazíamos no Liceu com limalha de ferro? Um gajo aproximava um íman e tudo aquilo se ordenava? Deve passar-se o mesmo com algumas vidas.
Pelo menos a minha, o que já não é mau.
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Pergunto-me como é que se consegue dizer que isto é trabalho sem se desatar numa gargalhada sem fim. Eu consigo: é trabalho. Abençoado, mas trabalho.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.