17.10.18

Encontrou

Podia ser o fim de um dia como milhares de outros; mas não é. Sabe a fim de ciclo, como se a personagem do Amarcord em vez de gritar Voglio una donna gritasse Ho trovato. Um fim de ciclo bom, daqueles que abre portas, janelas, renova o ar, entra luz por todo o lado.

Que teria ele encontrado, pendurado na sua árvore? Pouco importa. Quem procura de verdade não sabe o que procura; sabe quando encontra, quando se apercebe de que a estrada que vinha percorrendo é isso mesmo: uma estrada. Não sabia o que era, não sabia sequer que aquilo tinha uma direcção, uma foz, como um rio de que os afluentes não se distinguissem do fluxo principal, rede de estradas sem hierarquias, estradas secundárias, caminhos, atalhos, auto-estradas, árvores grandes ou pequenas: tudo igual, tudo o mesmo valor.

O fim de um ciclo como um torniquete: entra por onde saiu. Vai à loja das tintas e pinta o mundo que aí vem. Arruma o puzzle na caixa e começa outro, maior e mais bonito, pintado de fresco. Escolhe a miúda mais bonita da sala e diz-lhe: encontrei.

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