6.10.18

Festa, pessoas

Todas as quotas estão preenchidas: gordos, pretos, artistas, vegetarianos, ricos e pobretanas (eu), cada categoria na proporção correcta. Deve haver um maricas ou duas, mas não os identifico.

E simpático. Celebramos o aniversário de S. em casa da ex-namorada (e se bem percebi dele também). A esmagadora maioria dos convidados são yachties; a preta gorda é filósofa (tem um curso de filosofia, não sei o que faz).

A expressão "preta gorda" (e brasileira, acrescente-se) é desagradável. A realidade é feia e descrevê-la literalmente torna-a mais feia ainda. Pior: as palavras não são inocentes. São filhas da puta. Torcem tudo o que descrevem, se nós não as torcemos antes.

A verdade é que a senhora é adorável, uma das minhas favoritas na festa. A artista chegou há pouco. É italiana e tem aquela beleza típica das italianas: uma coisa que transparece do interior, como se até os glóbulos vermelhos e as outras células fossem belos, como se a beleza não estivesse nas feições mas no que as sustém, como se a beleza fosse uma simples questão de tempo.

É.

Depois há a vista, fantástica; e o riso do S. Parece uma bola a saltitar, não pára, arranca em todas as direcções e enche o espaço todo.

É tentador classificar esta gente e é uma asneira: são pessoas, como eu. Capazes de mais do que eu: falar umas com as outras.

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