Toda a gente sabe que os dias têm cores. Alguns são encarnados, outros verdes, alguns cinzentos, azuis, mais escuro ou mais claro. A minha cor favorita para um dia é o azul. Não necessariamente marinho, repara. Pode ser qualquer azul (menos azul bebé, que detesto). Como pintar um dia de azul? Ou melhor, como se pintam os dias? Não somos nós que os colorimos, são eles. Por vezes é retroactivo: está quase o dia a acabar e chega um telefonema e num só gesto de repente fica tudo azul; por vezes começa logo de manhã: como se numa tela vazia o pintor espalhasse uma camada prévia da sua cor favorita. Outras vezes, nem uma nem outra: as horas vão-se pintando a si próprias, pequenos toques de pincel aqui e ali, ora como quem não quer a coisa ora como quem a quer muito.
Tu és a minha cor azul: os dias começam contigo, tela vazia coberta de um azul-marinho denso, ciclópico. Nessa base outras cores vêm assentar: um bocadinho de encarnado aqui, verde ali, roxo para fingir que somos modernos, amarelo para dar vida. Mas o azul está sempre lá, como quando no mar dançam navios: é o azul que os sustenta.
Tu és a minha cor azul: os dias começam contigo, tela vazia coberta de um azul-marinho denso, ciclópico. Nessa base outras cores vêm assentar: um bocadinho de encarnado aqui, verde ali, roxo para fingir que somos modernos, amarelo para dar vida. Mas o azul está sempre lá, como quando no mar dançam navios: é o azul que os sustenta.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.