18.3.19

"Para não dizerem que não falei de flores"

Comprei um "livro" na livraria do metro. Passo as cancelas, sento-me e vejo que o coiso está "escrito" (a razão das aspas é a mesma nos dois casos) em acordês. Volto para trás com o intuito de o trocar. Pensei que teria de procurar livros estrangeiros mas encontrei dois portugueses respeitantes à história dos Descobrimentos que ostentavam a orgulhosa nota sobre a ortografia seguida: a correcta.

Volto a pagar bilhete, sento-me à espera do comboio e lembro-me de que em breve apresentarei um livro (sem aspas) escrito (idem) por um amigo. Recordo o auto-debate pelo qual passei para tomar a decisão.

Coisa complexa, que envolvia um distinguo entre dogmatismo e coerência (sou coerente mas não sou dogmático) outro entre a amizade e a auto-estima (este foi rápido) e finalmente uma declaração de derrota: as coisas são o que são e não o que queremos que sejam. A verdade é que já amei uma mulher que defende o AO e não deixa apesar disso de ser uma pessoa amável,  profundamente e eternamente amável, tanto que não me atrevo sequer a mexer nos tempos verbais.

Fica uma certeza: é a primeira e última vez.

(Não sei se me refiro ao livro se à senhora e ficaria grato se não perguntassem).

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.