23.8.19

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 23-08-2019

E sexta-feira, já o fim do Verão cheira à janela, cada dia mais fresca. Passei uma manhã surreal a tentar encontrar um ânodo (dois, quero ter um de reserva) para o sail-drive. Acabei por desistir, disse ao M. que tratasse ele do assunto. Há dias em que Palma me fascina; depois pergunto-me se isto é de Palma se é da náutica de recreio e entre os dois o meu coração hesita, pergunta-se e acaba a gostar ainda mais de cada um deles, juntos ou separados.

M. prometeu-me que na segunda teria os ânodos, de maneira passei à procura de uma estante para o meu quarto. Não é bem um quarto, é mais um oitavo ou mesmo um dezasseis avos, mas por enquanto é o que há e o que há é sempre melhor do que o que poderia haver, vírgula, se. Estou farto de ter as coisas todas em sacos de supermercado, parece um quarto de sem-abrigo a quem saiu uma Misericórdia ou uma Caritas. Infelizmente, gosto ainda menos de comprar estantes do que de comprar camisas, de maneira opto por um vermute na Bodega Can Rigo, que tem a melhor selecção de vermutes de Palma, música a condizer e simpatia idem.

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As peças do Lego que andei a espalhar nestes sessenta anos - quarenta e sete, vá lá - parece alinharem-se como a limalha de ferro nas experiências do liceu, só mais devagar, felizmente. Um íman para as migalhas todas de mim que fui espalhando por esse mundo, essa vida, esse tempo?

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