14.12.19

Diário de Bordos - Lisboa, 13-12-2019

"Quem não sabe beber vinho bebe mijo", dizia-me o meu Pai com a sua característica delicadeza. (Isto é só meio sarcasmo. O Senhor manejava a delicadeza e a brutalidade tão eximiamente como Bruce Lee os nun-cha-ku: ora batia com uma ora batia com a outra mas ia sempre directo ao alvo.)

A verdade é que com esse simples preceito me arruinou todas as bebedeiras - enfim, quase todas - até aos trinta e muitos. Foi preciso entrar nos entas para aprender a deixar-me ir. Mas o mal, por assim dizer, estava feito: é raríssimo estar bêbedo sem saber que o estou. É raríssimo o álcool substituir-me. Acontece, claro: não sou o super-homem nem o anti-Baco. Às vezes com consequências chatas, até. Mas não é frequente.

Talvez seja por isso que suporto tão mal as bebedeiras feias, favor que devo ao "senhor Pai" (aspas porque cito). Quem não é educado quando está com os copos não foi educado sem eles.

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Belíssima a festa de agradecimentos do livro. Só faltou uma pessoa para que a festa tivesse sido total. Mencionei-a quando falei e durante larga parte da cerimónia ela esteve lá. Depois foi-se embora.

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Descubro finalmente o bar Old Vic. Excelente bar, com um bife de fazer lembrar o Snob dos anos oitenta. Não substitui o Procópio - nada o substituirá nunca - mas complementa-o muito dignamente.

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Amanhã estarei em Palma de novo. É como se vivesse com um pé em Mallorca, outro em Lisboa e me faltassem pés para Mértola e Genebra.

Questão de me pôr de gatas, talvez?

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