Durante a maior parte dos seus quase sessenta anos, Antónia conviveu com a morte. Refiro-me à morte verdadeira, aquela que se pode cheirar e tocar, não à de "estive quase a ir desta para melhor" dito à mesa do café, com um sorriso e um olhar entendido, meio de esguelha meio a captar o de quem ouve. Antónia aceita pacificamente a morte - "já morri tantas vezes que mais uma menos uma não faz muita diferença" explica aos amigos.
Nunca, porém, alguém a ouviu uma vez que fosse dizer "quando eu morrer". Diz sempre "Se eu morrer". "Se eu morrer, lembrar-me-ei destes dois últimos anos para sempre e não sei como vou pagá-los."
Os amigos ouviam isto e respondiam:
- Que disparate, não vais nada morrer agora.
- Eu não disse "agora".
Nunca, porém, alguém a ouviu uma vez que fosse dizer "quando eu morrer". Diz sempre "Se eu morrer". "Se eu morrer, lembrar-me-ei destes dois últimos anos para sempre e não sei como vou pagá-los."
Os amigos ouviam isto e respondiam:
- Que disparate, não vais nada morrer agora.
- Eu não disse "agora".
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.