Imprensa
O El Mundo (um jornal decente) traz na primeira página - um quarto de página, nada de pequenezes - uma chamada para um artigo de duas páginas, duas (ditto) sobre... rufem os tambores... suspense ... O primeiro parto de gémeos em Espanha por uma mãe com Covid-19. Suspiro de alívio. A senhora não tem lepra, não tem peste bubónica, nao tem SIDA (não teria sido o primeiro, mas enfim), não é careca, não tem barba. Não, nada disso. Tem Covid-19.
É mais ou menos a isto que me refiro quando falo do suicídio da imprensa. O El Mundo não é propriamente um pasquim.
Suicídio
Outra forma de suicídio é a reacção de uma senhora ontem, entrevistada pelo Diário de Mallorca, jornal local com uma qualidade bastante semelhante à da imprensa regional francesa - isto é, muita. O governo das Baleares quer reabrir as ilhas mais depressa do que o resto de Espanha, com o argumento - numericamente imbatível - de que a infecção aqui foi muito menos grave do que em Madrid e que deve evitar o descalabro total do turismo.
Uma maiorquina reage: «não quero turistas estrangeiros!» Das duas uma: ou a senhora quer suicidar-se e nesse caso devia talvez pensar nos outros e não fazer como aquele piloto austríaco que para morrer despenhou o avião nos Alpes com todos os passageiros. Aposto que nem todos queriam acompanhar o piloto. Ou, alternativamente, a senhora diz isto porque sabe que não morrerá (figurativamente, claro) e que alguém lhe dará de comer. Quem? Os alemães? Os neerlandeses? Os outros espanhóis? Destes, bem pode ela tirar o cavalinho da chuva, que já em tempos normais o turismo nacional é insuficiente para encher noventa por cento da capacidade hoteleira da ilha.
Desconfinamento, pânico
O que me leva a outro ponto interessante disto: como é que os governos que cederam ao pânico em vez de o enfrentar vão agora fazer marcha a ré? O pateta do Sánchez já fala em prolongar algumas restrições até Dezembro - suponho que pelo Natal lhe chegará uma vacina no trenó. Nem todos são do género de estar num buraco e continuar a cavar, mas gerir o dia a seguir parece-me bastante mais difícil e complicado do que fechar toda a gente em casa.
O El Mundo (um jornal decente) traz na primeira página - um quarto de página, nada de pequenezes - uma chamada para um artigo de duas páginas, duas (ditto) sobre... rufem os tambores... suspense ... O primeiro parto de gémeos em Espanha por uma mãe com Covid-19. Suspiro de alívio. A senhora não tem lepra, não tem peste bubónica, nao tem SIDA (não teria sido o primeiro, mas enfim), não é careca, não tem barba. Não, nada disso. Tem Covid-19.
É mais ou menos a isto que me refiro quando falo do suicídio da imprensa. O El Mundo não é propriamente um pasquim.
Suicídio
Outra forma de suicídio é a reacção de uma senhora ontem, entrevistada pelo Diário de Mallorca, jornal local com uma qualidade bastante semelhante à da imprensa regional francesa - isto é, muita. O governo das Baleares quer reabrir as ilhas mais depressa do que o resto de Espanha, com o argumento - numericamente imbatível - de que a infecção aqui foi muito menos grave do que em Madrid e que deve evitar o descalabro total do turismo.
Uma maiorquina reage: «não quero turistas estrangeiros!» Das duas uma: ou a senhora quer suicidar-se e nesse caso devia talvez pensar nos outros e não fazer como aquele piloto austríaco que para morrer despenhou o avião nos Alpes com todos os passageiros. Aposto que nem todos queriam acompanhar o piloto. Ou, alternativamente, a senhora diz isto porque sabe que não morrerá (figurativamente, claro) e que alguém lhe dará de comer. Quem? Os alemães? Os neerlandeses? Os outros espanhóis? Destes, bem pode ela tirar o cavalinho da chuva, que já em tempos normais o turismo nacional é insuficiente para encher noventa por cento da capacidade hoteleira da ilha.
Desconfinamento, pânico
O que me leva a outro ponto interessante disto: como é que os governos que cederam ao pânico em vez de o enfrentar vão agora fazer marcha a ré? O pateta do Sánchez já fala em prolongar algumas restrições até Dezembro - suponho que pelo Natal lhe chegará uma vacina no trenó. Nem todos são do género de estar num buraco e continuar a cavar, mas gerir o dia a seguir parece-me bastante mais difícil e complicado do que fechar toda a gente em casa.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.