11.5.20

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 11-05-2020

O primeiro sinal não foram as crianças. Foi a quantidade cada vez maior de pessoas que cruzava na rua. Nunca me afastava muito de casa - arranjava simplesmente os caminhos "defensáveis" mais longos - e a cada dia cruzava-me com mais gente. As ruas  continuavam desertas, é certo. Mas um bocadinho menos. Uma pessoa menos,  às vezes duas pessoas menos.

As crianças vieram depois, faz hoje uma semana ou coisa que o valha. Enterneceu-me vê-los a correr como se não houvesse amanhã. Fecharam uma das faixas do  Passeig Maritimo e aquilo está cheio de miúdos,  graúdos, velhos a pé, de bicicleta, patins, skates, trotinetes e o diabo a quatro. Pergunto-me como foi possível conter esta gente toda em casa durante dois meses?

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A verdade é que estou exausto - física, psíquica e metafisicamente exausto, apagado, eclipsado. Oiço Karen Dalton e escrevo na cama, apesar de tão cedo. As dores passaram, amanhã as esplanadas abrem, a minha Peugeot é linda e rápida, o trabalho no P. lá vai andando, só com o Iv. a bordo.

Estou cansado mas pelo menos vou trabalhando e escrevendo. O meu corpo não passa de um idiota ingrato. Deve ser por isso que tanto aprecio a gratidão: à força de convver com a sua ausência vai-se aprendendo a sua importância.

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Hoje as esplandas e algumas lojas abrem. Já só falta abrirem os aeroportos... Ficará para o fim, apesar das pressões dos TO alemães. Querem começar a trazer turistas em Junho. A situação política está tensa, para usar um eufemismo. Se o Sánchez pudesse prolongaria o estado de emergência até ao fim da legislatura.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.