10.6.20

Rio, tempo e outras histórias tristes

Dois objectivos simples e fáceis: a) não me deitar antes das dez da noite; b) não dormir antes das onze. Nada mais fácil, digo-me eu também. 

Não sei que pensar. A revolta contra o tempo faz mais sentido do que essas revoltas que estão agora na moda - escravatura, racismo, desigualdade de género e por aí fora e tem o mesmo resultado: nenhum.

(É muito fácil gritar contra a escravatura agora. Gostava de ver os meninos a reclamar era no século XIX.) 

Não te desvies. Falavas do tempo, da tua revolta, das tentativas infantis que fazes para não te deixares submergir, como se nadasses num rio particularmente violento e te perguntasses se te deves deixar ir, lutar contra a corrente ou nadar em diagonal, para a margem, para a calma da cama, para o acolhedor porto do sono, essas coisas que normalmente te fazem sorrir. 

(Porque é que se dá tanto espaço à idiotice, à palermice, à ignorância? Terá sido sempre assim? Não sabes o suficiente de história para responder.)

Não sabes o suficiente de nada. Vai dormir e cala-te. O tempo ganha, faças o que fizeres. Não gastes energia mal gasta. Concentra-te no local da margem ao qual queres chegar e avança assim, ziguezagueando. Cada dia escolhes uma margem e nela um ponto. Esquece o tempo. Ele nem sequer sabe da tua existência.

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