20.7.20

Ciclos

Aconchego-me no regaço das palavras que aí vêm, as que estão por parir, as únicas que me ligam, me falam, me olham nos olhos. As outras não me interessam, nem o sono me tiram. 

Com as que aí vêm teço cobertores, enrolo-me neles, faço coreografias encantadoras, hipnotizantes.

Depois as palavras nascem, os cobertores mudam de cor, as coreografias derretem como gelados a pingar do cone e vão-se embora.  O ciclo repete-se todos os dias, todo o dia.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.