30.8.20

Diário de Bordos - Porto, 30-08-2020

Venho ao Aduela depois de uma sessão catastrófica na feira do livro. Entre as duas ficou uma soberba conversa com uma amiga que vejo ocasionalmente, com quem discuto no FB frequentemente e de quem gostarei sempre. Uma conversa frente a frente enche os tanques de amizade muito mais e melhor  do que mil diálogos num monitor. Ou, dito de outra forma: numa conversa, mais vale ter de permeio dois copos do que dois monitores. Vimos a pé, ela para o metro eu para o hotel que aqui no Porto me faz de casa. Depois venho ao Aduela. 

A maré já nem baixa está: está vazia, maré baixa de Equinócio; a anca lixa-me o juízo e o andar; sinto uma conjuntivite a chocar - hoje percebi que me vêm da máscara - e apesar de tudo regozijo-me. Tenho sorte, posso andar debaixo de escadas, como cantava uma senhora gira há muitos anos.

A música no bar está alta, mas hoje gosto dela - é blues eléctrico, Chicago. Ao contrário de ontem, que era uma porcaria sem nome. A música só está demasiado alta quando não se gosta dela. Ah, e o almoço não foi grande coisa. 

Que chatice, nada consegue irritar-me! Verdade seja dita: o vinho da casa é óptimo, as pequenas (infelizmente de outras casas) são lindas, não tarda chove e a maré enche, a conjuntivite trata-se em menos de nada, a dor na anca não tardará mais de uns meses a desvanecer-se, a merda da Covid idem.

É em dias assim que percebo os católicos. Com uma diferença: não preciso de esperar pelo outro mundo. Basta-me esperar por outros dias. 

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