Dia desastrado, dia desastroso? Sim e não. Fui ainda mais desajeitado do que sou habitualmente. À primeira vista parece dificil, quase impossível. Deixei cair a máquina fotográfica e tenho de a mandar reparar. Com a maré no estado em que está e sem dar sinais de mudar, o mínimo que se pode dizer é: "Não foi oportuno." (Isto para não mencionar que vou ficar muito tempo sem poder fazer fotografia, o que bem vistas as coisas tão-pouco é agradável.) Depois lá mais para o fim do dia a coisa balançou um bocadinho para o outro lado. Isto é: não ficou tão em baixo.
Há dias assim, em que me pergunto por que milagre consegui habituar-me a viver comigo.
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Amanhã é dia de chilli con carne, não a pedido de várias famílias mas sim de vários na família. A memória das famílias é feita de coisas assim. Ocorrências recorrentes: chilli, fondue, qualquer dia amêijoas à Bolhão Pato, a distracção e a falta de jeito do pai. Estatisticamente, ainda tenho uns bons vinte anos disto (a menos que venha uma Covid e me prolongue a vida), mas como sei por experiência própria que vinte anos passam num ápice, mais vale aproveitar e sugar cada segundo.
Até ao tutano.
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Amanhã começo uma campanha de promoção do Avenida. Seja o diabo cego, surdo e mudo se não conseguir vender coisa que se veja. Quero continuar a trabalhar no segundo volume.
En attendant, parece que desta vez acertei com a tradução para francês. Hallelujah!
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Pequena nota privada: é incrível, inesperado, assustador quão todas as cabeças, mesmo as de que menos se espera tal coisa, são permeáveis ao zeitgeist, à l'air du temps, ao ar do tempo. Estou "proibido" de usar os termos "pédé" (maricas) e "gouine" (fufa). Devo dizer "homosexuel". As aspas em "proibido" servem para mostrar o que tenciono fazer da "proibição".
Malditos tempos... Antes o chili, ainda que pouco picante. Um dia, homosexuel e gay terão a mesma carga semântica que têm hoje maricas e fufa, mas já cá não estarei para me rir. Todas as épocas se esquecem das que as precederam e erigem-se em absolutas. Nas que lhes sucederão, então, nem pensam. Somos - nós e as palavras - um ponto no espaço-tempo, um degrau na escada semântica, um sopro na evolução dos valores. Sopro tão fraco que nem para apagar um fósforo chegaria. Quanto mais definir eternidades.
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Por exemplo: quem apostaria um avo em que eu seria, ao fim de tantos anos, forçado a reconhecer o meu gosto por Genebra, maior do que agora sou capaz de dizer?
Uma cidade é feita de pessoas e uma vida também.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.