Ontem, a G. ofereceu-me um bon cadeau [como é que se diz isto em português? Vale presente? Cheque presente? Não me lembro]. Trinta francos em livros na Payot, a maior livraria de Genebra. Comprei três: Le Clézio, Orsenna e d'Ormesson. Preciso de francês puro, elegante, o francês de filigrana. Gosto desta língua tanto como gosto do português: a este, amo de amor, nasci nele e com ele cresci. Àquela, amo de razão, é amor construído e tardio. São os que duram mais. (Nota nada neutra: o Avenida está a ser traduzido - e bem - para francês.)
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Em Genebra como em todo o lado: a culpa da difusão do vírus somos nós e se alterarmos o nosso comportamento conseguiremos vencê-lo. Para todas as religiões, o homem é à partida culpado e deve mudar o seu comportamento se quer a redenção: não comer carne de porco, não beber álcool, não fornicar a mulher do próximo, e assim de seguida. O mesmo se aplica ao ambiente (tema de actualidade aqui, com um protesto em Berna e um julgamento em Lausanne). O planeta aquece porque somos maus e devemos ciliciar-nos se queremos que ele arrefeça. O homem precisa de um deus, Frederico. Sem ele, sente-se perdido. O acaso não o satisfaz: precisa de necessidade também. Ainda hoje Lamarck é mais bem compreendido do que Darwin.
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Genebra continua a ser a cidade do mundo com mais mulheres bonitas por metro cúbico. Porém, desta vez não sei se devo calar-me por modéstia ou gritá-lo com orgulho: contribuí activamente para isso. A minha filha é linda (e adorável, mas isso é outra história).
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Amanhã acaba a balbúrdia com o tempo e as temperaturas caem a pique. Já estou em modo «Embarque»: não terei frio de certeza, mas vou precisar de fazer ginástica com as lavagens de roupa. A história do rato do campo e do rato da cidade adaptada.
Mal adaptada. Preciso tanto de uma como do outro.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.