6.10.20

Maldade, miséria e cobardia

     - Porque é que quanto mais se anda para norte, menos se anda de máscara, menos as pessoas têm medo?
     - Porque quanto mais se anda para norte, menos emocionais são as pessoas.
     Talvez seja uma questão de razão versus emoção, embora se saiba que essa clivagem nem sempre acerta.
   O problema quanto a mim tem mais componentes e não pode ser analisado em bloco. Seja como for, à mistura de razão, emoção, pânico e histeria há que acrescentar a maldade. Aquilo que em Portugal estamos a fazer às crianças, aos velhos, aos doentes e aos pobres não pode ser explicado se não se incluir na explicação a maldade. A maldade dos miseráveis, dos tesos, dos cobardes, dos que têm uma vida de merda e de repente se vêem com a possibilidade de exorcizar as suas merdinhas quotidianas torturando quem não se pode defender. 
       Viu-se agora com o episódio da "infecção" no Conselho de Estado. Alguém foi posto em quarentena forçada? Não. Transponham para uma sala de aulas, para uma fábrica ou para um lar.
     Só por maldade se pode infligir às crianças o que se lhes está a infligir. Essa maldade exprime-se tanto melhor quanto tem o véu da "protecção dos que lhe são queridos" a disfarçá-la. Porque é que em Genebra, apesar de ter normas semelhantes sobre as máscaras (para adultos), a atmosfera é muito mais ligeira? Porque lhe falta a componente de maldade dos tesos. Na Suíça-alemã nem máscara se usa.                               Racionalidade e um bom nível de vida são um bom antídoto para as pequenas - mas não menos asquerosas - vinganças dos miseráveis e dos cobardes. 

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.