26.10.20

Viagem pelo Mediterrâneo

Oiço Eleni Karaindrou, leio Goliarda Sapienza - L'art de la Joie é a melhor coisa que me passou entre as mãos em muitos muitos anos (pelo menos sob a forma de livro) - penso na minha Palma, tão longe e no meu P. que nela espera e digo-me que só o Mediterrâneo pode produzir esta mistura de arrepios, de sensualidade e de mistério, de profundidade e ligeireza. Da Eleni Karaindrou passo para Evanthia Reboutsika, penso em Pietra Montecorvino, no Gattopardo, Ezra...:

And then went down to the ship,
Set keel to breakers, forth on the godly sea, and
We set up mast and sail on that swart ship,
Bore sheep aboard her, and our bodies also
Heavy with weeping, and winds from sternward
Bore us out onward with bellying canvas,
Circe’s this craft, the trim-coifed goddess.
Then sat we amidships, wind jamming the tiller,
Thus with stretched sail, we went over sea till day’s end.
Sun to his slumber, shadows o’er all the ocean,
Came we then to the bounds of deepest water,
To the Kimmerian lands, and peopled cities
Covered with close-webbed mist, unpierced ever
With glitter of sun-rays
Nor with stars stretched, nor looking back from heaven
Swartest night stretched over wretched men there.
The ocean flowing backward, came we then to the place
Aforesaid by Circe.
Here did they rites, Perimedes and Eurylochus...

Nunca li os Cantos inteiros, mas cada vez que pego neles encontro qualquer coisa de que não me lembrava, ou que se adequa perfeitamente à situação, ou sei lá, me traz de volta à realidade e me faz pensar que nunca os lerei de fio a pavio e tenho a Modesta à minha espera na cama. 

Gostava de voltar a Atenas e às ilhas, tenho de ir à Sicília - o Princípe e a Modesta esperam - quero beber vermutes atrás de ouzos e à frente de pastis, comer moussaka e polenta e coniglio com azeitonas verdes acompanhado por Nero d'Avola. Quero tudo, menos outra vida. Esta chega-me.

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