Como se tivéssemos sido o molde um do outro: assim nascemos para o mundo, tu feita por mim e eu por ti e assim olhamos hoje um para o outro e os dois para fora. Nunca ninguém nos mudou: estávamos feitos de carne viva. Quem chegava depois ou cabia no molde ou não entrava. Não passámos juntos a primeira noite que podíamos ter passado um no outro para "não seres igual às outras", disse-te. E tu a mim: "para não seres igual aos outros". Desculpas esfarrapadas. Estávamos simplesmente a brincar com o tempo, a levá-lo à última trincheira, a dizer-lhe: "o primeiro que piscar os olhos perde". Ele perdeu; nós ganhámo-nos quando quisemos e não quando ele nos propôs um ao outro. Jogar com o inevitável e ganhar porque o que não podia deixar de ser foi, mas foi quando nós deixámos, soberanos.
Nunca nos perdemos. Outros e outras foram e vieram, iguais a si próprios: nada mais do que outros. Nós ficámos, moldes de nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.