A bicha estava maior mas avançava mais depressa. Pelo menos foi o que me pareceu. Verdade é que foi rápido e gostei da organização. Havia pessoas a informar ao longo do trajecto, o processo foi fácil, fluido e rápido. Cumpri o meu dever eleitoral - votar na IL - muito mais facilmente do que esperava. Levei a bicicleta até o interior da reitoria, a senhora acedeu a guardar-ma (não percebi se com satisfação se não, mas isso é-me um bocadinho indiferente. Espero que tenha gostado. A Coluer é linda e tê-la à frente à guarda não é sacrifício para ninguém, suponho).
O cozido à portuguesa do café Tatu era óptimo, o vinho aceitável e agora vou para casa, devagarinho (esta é a palavra-chave). A bicicleta é confortável como uma poltrona e estou contente. Tudo é leve quando se está contente, mesmo uma bicicleta pesada.
Rolo por essa cidade abaixo. Há muitos carros e bicicletas na rua e a satisfação de ver automóveis parece-me estranha. Ciclistas a usar máscara é bizarro. Devem estar proteger-se da variante ciclista do vírus, imagino. Mas é melhor vê-los assim do que não os ver de todo. Já gostar de ver carros é diferente. Não é bem uma novidade, mas anda lá perto.
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Não estou a contar tudo como aconteceu. Este diário é relapso.
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Agora devia começar a série Amo-te Lisboa: parei na rua das Portas de Santo Antão. A ginginha estava fechada, mas a Ginginha Popular servia, prestando atenção à polícia que estava nas imediações. Foi um quadro de vida lisboeta - beber uma ginginha às escondidas da polícia roça o surrealismo - mas é a Lisboa que eu amo, a Lisboa resistente, a Lisboa de todos os santos vícios. Outro slide, no quiosque do cais do Sodré. Outro ainda, no meu amigo Hernâni. Cheguei a casa depois de n paragens e cada uma delas tinha sabor a Lisboa, a minha Lisboa, a de sempre, a que diz Sim e fecha as pernas ou Não e as abre, a Lisboa da finta, dos mânfios, a Lisboa que resistiu ao terramoto, ao Kruz Abecassis e há-de resistir ao Medina. Amo-te Lisboa e não é por causa do Mosteiro dos Jerónimos ou da Torre de Belém. É por causa da luz e das pessoas que ela ilumina e faz viver e elas em troca fazem viver.
(A ginginha da Ginginha Popular é Espinheira, menos boa do que a Sem Rival, mas quem perder tempo a pensar nisto agora está equivocado.)
Lisboa é um equívoco para quem só vê bem e a cidade certa para quem sabe ver de través.
Os chuis largaram-nos, bebemos as ginginhas - éramos dois à espera que aquilo passasse - Lisboa foi Lisboa e o resto que vá para o inferno, como cantava um senhor brasileiro aqui há uns anos.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.