11.2.21

Diário de Bordos - Porto, 11-02-2021

A primeira bolina está feita. Agora falta rondar a bóia de sotavento da primeira regata. Tenho o olho esquerdo tapado; habituo-me a ver sem visão estereoscópica, o que é mais chato do que parece à primeira vista (ou será «à única vista»?) Amanhã rondo a bóia de barlavento e a primeira etapa fica completa, inch'Allah. De hoje a quinze dias começo a segunda e última perna. Allah u'Aqbar. (Para questões religiosas, prefiro expressões árabes a anglicismos, vá lá saber-se porquê.)

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O apartamento no Porto é fraquito. Venho mal habituado, essa é que é essa: um cinco estrelas gratuito por um dois estrelas caro (íssimo). Como de costume, não me detenho nos defeitos e busco as qualidades. Até agora vi uma: estou perto do Mercadona; e outra: vou poder convidar os meus amigos do Porto, dois a dois ou três a três. Amanhã saberei quando. E daqui a pouco terei mais coisas boas, tenho a certeza. Preciso de comprar café decente e encontrar uma mercearia idem. A continuar assim, não tarda tenho uma vida ibidem. Mas isso são projectos de longo prazo. Agora, vou à cata de uma mercearia. Para quem tem um olho só, chega.

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Viver em apartamentos assim devia ensinar-me a conviver com a mediocridade, penso ao fim de umas horas. Depois apercebo-me de que já vivi em condições infinitamente piores e não aprendi. Não será desta. (Felizmente, acrescento. Ainda é cedo para mudar de vida.)

PS - Conheço-me o suficiente para estar pronto a apostar que daqui a uma semana isto vai ser óptimo. Na verdade, basta-me antecipar essa semana.

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Uma das características da visão monocular é a falta de profundidade de campo. Pergunto-me se não se poderão tirar analogias daqui. 

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