Gastei cinco euros em músicos de rua. Ninguém merece tanto a nossa ajuda como eles e se antes desta palhaçada já dava sistematicamente massa a quem me alegrava os poucos minutos durante os quais lhe ouvia a música, agora dou ainda mais e mais. À solidariedade junta-se a gratidão, duas poderosas molas para a generosidade. Também comprei café (de Timor, numa casa chamada Pretinho do Japão. São uma delícia, a loja e o café) e vinho «bom». Vou beber um copo à saúde do médico que me operou, apesar de ele nunca o vir a saber. É provável que possa ir-me embora deste Porto confinado, frio, chuvoso, chato e feio ainda antes do fim do mês. Sei que vou chegar a uma Lisboa igualzinha, mas pelo menos a essa já conheço os cantos. Sempre ameniza.
Em todas as cidades onde trabalho tenho um taxista «privado». Em S. Luis do Maranhão era o Maciel, na cidade do Panamá o Alexis, em Casablanca Mohammed. Na Europa não é preciso, claro. Ou melhor: não era, até a Uber começar a exigir que se tire uma fotografia para provar que se tem a máscara. Deixei de a usar e por causa disso conheci um senhor chamado José, que até eu me ir embora vai ser o meu guia no Porto. É chauffeur da Uber e da Volt, mas com ele lido directamente, ando com a máscara onde quero e tenho interessantes conversas políticas. Hoje (primeiro dia da nossa colaboração) explicou-me que nas presidenciais votou Ventura. Hesitou entre este e Mayan, mas optou pelo Ventura porque tem mais punch (os termos são meus). Quando «os que lá estão» apanharem um susto valente, então votará IL. A mulher dele tem um restaurante em Gaia chamado Tempero da Maria. Fica a promessa: quando o circo acabar, hei-de lá ir comer.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.