21.2.21

Diário de Bordos - Porto, 21-02-2021

Começo o passeio pela Casa da Música, ver os putos fazer acrobacias nos skates. É muito bonito de ver e acho o local adequado: aqueles ruídos todos juntos fazem música. O resto é mais banal: andar por estas ruas quase desertas, os raros transeuntes com que me cruzo de máscara até às orelhas, como se o vírus andasse por aí com asas de anjo à espera da menor oportunidade para lhes  invadir as entranhas. Gosto de passear no Porto, nestas ruas com uma mistura de estilos arquitectónicos - faz lembrar Espanha, é o mesmo princípio, os prédios como as diferentes camadas de toucinho entremeado, diferentes camadas de tempo. Só é pena estar tudo fechado, claro.

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Assim, fico contente por poder voltar mais cedo para Lisboa. Para ir para Genebra preciso de esperar que a) o meu governo me deixe sair do país e b) o governo genebrino tire Portugal da «lista vermelha». É muito difícil explicar quão farto estou desta palhaçada: faltam-me insultos, palavrões e formas de quantificar a raiva. O próximo patamar é aprender a fazer cocktails Molotov, creio.

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À medida que vou avançando na leitura, Gaddis perde um pouco do encantamento inicial. Há ali demasiado «épater le bourgeois», parece-me. Ou não, talvez seja por não me parecer um novidade para quem leu Beckett, Pynchon e outros dois ou três. Mas enfim, lá vou continuando, pouco a pouco. Após este jejum de leitura tudo o que vem à rede é bom.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.