Um senhor acha que quem não acredita nas «medidas» (aspas porque é trocista) é estúpido, ignorante e arrogante. O modus cogitandi do tempo é sem dúvida religioso: os «negacionistas» são os novos hereges, a fogueira real é substituída por fogueiras virtuais nas redes sociais - apropriadamente chamadas flaming. Cada micro-religião laica tem as suas santas - santa Greta, santa Marielle e por aí fora - e a comunicação social faz de nova igreja, imitando a da Idade Média cuja uma das funções era transmitir ao povo as informações reais. Nada disto me parece glorioso. Malraux dizia que não disse mas afinal disse que o século XXI seria religioso ou não seria. O que não previu foi que a religião não seria uma - pelo menos no Ocidente - mas sim uma colecção de crenças laicas. O Frederico do final do século XXI não anunciará a morte de Deus, mas sim a dos deuses. A intolerância instala-se, vestida de «cidadania», «bem público», «altruísmo», «bondade». Por uma curiosa torção do bom senso, os que querem promover a «igualdade» e a «inclusão» fazem-no criando divisões e clivagens onde elas não existiam ou aprofundando as que sim.
A Besta está aí, de novo. É preciso lutar contra ela.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.