Passeio grande por este fantasma no qual me sinto o único sólido. Tudo o resto são sombras, plasmas, sapatos Loubotin a mais de mil euros (e horrorosos, ainda por cima), um Rolls que parece um Porsche, relógios Franck Muller que nem o preço têm marcado, canetas no Brachard a mil e quinhentos francos. Bem vindo à terceira cidade mais cara do mundo, a cidade na qual se fundem Calvin, o Mediterrâneo e o resto do mundo - separados, antitéticos mas não conflituosos porque estamos na Confederação Helvética, ao fim e ao cabo - a cidade em cujas ruas os meus fantasmas se dissolvem a tal ponto que invadem o espaço e se transformam nele.
As mulheres continuam lindas, mas agora menos porque têm de usar máscara nas lojas e nos autocarros; valem-nos as ruas, a nós estetas adeptos de Darwin. E vale-nos este dia lindo, azul do céu e branco da neve nos cumes do Jura, as ruas limpas, os tramways quilométricos, enormes tapetes voadores que de cinco em cinco minutos traçam silenciosamente um risco na cidade.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.