(Declaração de interesses: tenho uma paixão insana por Sevilha, cidade que conheço muito parcialmente.)
O aeroporto de Sevilha é uma cópia em negativo dos de Madrid ou Barcelona. Parece que aterrámos na casa do guarda-linhas. Em quinze minutos estava cá fora, merdices sanitárias fintadas - sem grandes manhas, há que dizê-lo.
Meto-me num táxi, peço-lhe para me deixar na Macarena e - resumindo imenso - como agora um Adobe absolutamente magnífico, peixe frito com uma interminável lista de ingredientes, seja Deus louvado. Vou ao balcão pedir outra tapa, o homem pergunta-me "confia em mim, señor?" respondo sim, claro. O marido da cozinheira é português de Leiria, digo-lhe que tenho lá família, pergunto-me se é de Sevilha que gosto se é do sitio onde estou, decido: é dos dois.
A camisa branca de linho que pus há bocadinho dá mostras desta batalha. Já tenho uma condecoração.
A segunda tapa está tão boa como a primeira. É de carne, porco, podre de boa. Carrillada, diz ele e eu acredito. Tudo isto por quatorze euros e vinte cêntimos, quantia com a qual em Palma teria direito a olhar para um prato vazio.
Agora, sentado na camioneta que me levará a Faro, pergunto-me porque não viajo mais vezes como turista, como toda a gente?
A resposta é simples: não sou toda a gente. E complicada: não quero ser toda a gente. Não sei é se se pode escolher, mas isso é outra história.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.