Lá vamos nós de novo a escorregar por este rinque de patinagem no gelo, sem patins e sem objectivo. Sem nada em frente, digamo-lo já, de seguida. E com tudo atrás: anos de patinagem no gelo, figuras lindas, confusas, mistas como as tostas nos cafés: queijo e fiambre, mas nem um nem outro têm sempre a mesma qualidade. As combinações são várias: bom queijo, bom fiambre, bom pão. Assim de repente creio que há nove delas mas não as vou enumerar todas: falta-me paciência e sabedoria para tanto.
Não sei nada (saber que nada sei é mais do que o que sei). Ou melhor: sei pouco e o pouco que sei é imediato: estou cheio de dores, por exemplo. Estou meio grosso. Estou em Palma. Oiço Lou Reed (Magic and Loss). Quero que as dores se fodam, que vão para longe. Gostaria de ter uma capacidade ilimitada de absorção de vinho tinto, coisa que não tenho, apesar dos anos de treino, note-se. Gostaria de muitas coisas: que o meu P. estivesse pronto, por exemplo. Que todas as cidades do mundo me fossem como Palma. Que o meu amor estivesse aqui (está. O que está longe é o objecto desse amor).
Gosto demasiado de Palma para dizer bem ou mal de Palma: como dizer bem ou mal de mim?
Amanhã largo para Ibiza e Formentera. Forçoso é dizer que podia ser pior: não gostar de uma ou outra é um luxo ao qual me entrego com voluptuosidade, consciente de que é um luxo quase a roçar no pedante. Quase. Entre mim e a pedantice a fronteira é fluida.
Que se lixe a pedantice.
Nada sabemos do que fizemos, quanto mais do que vamos fazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.