Na verdade, penso que é uma simples forma de gregarismo, de mostrar que fazem parte integrante do rebanho e que estão satisfeitas por assim ser. É como aqueles ciclistas urbanos que trabalham toda a semana num escritório ou numa bomba de gasolina e ao fim-de-semana vestem fatos de licra para montar as suas bicicletas: fazem parte de um grupo, de uma tribo. A proto-religião covidiana deixou de ser uma crença e acedeu ao estatuto de religião pela simples força dos números. No fundo, continua a ser um exercício de pensamento mágico posto em prática. Ou então de palermice, mas nisso não acredito. Vou pôr aspas no segundo palermas do título.
10.11.21
Estes «palermas» que nos governam e os palermas que lhes obedecem
Palermas vai entre aspas, quilómetros delas: não acredito que sejam palermas. Pelo menos todos. São - na sua maioria - pessoas cultas, inteligentes e que por uma razão qualquer escolheram comportar-se de forma irracional, acreditar no pensamento mágico, seguir acrítica e acefalamente o que os media e os outros «palermas» de outros governos dizem. Não é preciso ler António Damásio para saber que inteligência não é sinónimo de racionalidade. Hitler acreditava convictamente que o principal problema da Alemanha de entre-guerras eram os judeus. Mao Zedong decidiu que matar dezenas de milhões de pessoas à fome era uma forma inteligente de tirar a China da miséria. Estaline, Pol Pot, Videla, Pinochet não eram estúpidos.
Mas não deixa de ser impressionante saber que duas funcionárias da comissão europeia chegam à casa de uma outra funcionária da mesma comissão, convidadas para uma festa, mascaradas e a pedir gel. Gel. Para irem a uma festa privada.
Que a mente humana é estranha já todos sabemos; que pessoas com cargos de responsabilidade não se dêem ao trabalho de pensar dois segundos na eficácia do gel - prática a que já ninguém liga nenhuma - para as proteger de um vírus respiratório hiper-contagioso e com uma letalidade baixíssima não devia, portanto, espantar ninguém. Teriam alguma coisa contra o hábito saudável de lavar as mãos com água e sabão? Ou queriam simplesmente mostrar que seguem a nova proto-religião oficial? Fazer prova de fé e obediência? Aponto mais para estas últimas alternativas. Já ninguém acredita no «altruísmo» de «proteger os outros». E que acreditassem: tanto altruísmo já enjoa. Tão pouco acredito que seja só medo. As estatísticas sobre a letalidade do vírus por faixas etárias são conhecidas e públicas e essas pessoas não faziam parte de nenhum grupo de risco, seja ele etário ou outro - e se fizessem não seria o álcool gel que as salvaria e acreditar que sim seria, sem sombra de dúvida, uma palermice.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.