Está na mesa à minha frente uma senhora a pôr gelo no seu rosé; ainda por cima, pega no copo pelo vaso e não pelo (generoso) pé. Penso imediatamente na minha irmã J., que também é muito bonita, como esta senhora, só que mais.
"Não tens saudades da tua família?", perguntou-me ontem o Iago, o meu miúdo favorito da fratria.
"Tenho, Iago", respondi. "Muitas."
"Não tens saudades da tua família?", perguntou-me ontem o Iago, o meu miúdo favorito da fratria.
"Tenho, Iago", respondi. "Muitas."
Sobretudo quando vejo uma senhora bonita a pôr gelo no seu vinho, ou quando penso no adorável sorriso da monha irmã R., ou quando falo com orgulho do meu irmão V., que conheço tão pouco comparado ao que queria conhecer. Tenho, Iago, quando penso nos meus primos, com quem ia passar férias à Meia-Praia, ainda os teus pais não eram nascidos. Tenho, Iago, tenho saudades da minha família toda, a próxima e a mais afastada, porque a família é a nossa primeira ligação com o passado e o passado é como aquela pedra que o outro tentava levar para cima da montanha e lá chegado rolava pela encosta abaixo: nunca te larga. Não há cumes de montanha onde arrumar o passado, Iago. Aproveita bem o presente: ele transforma-se em pedra e depois vem por aí abaixo e não te larga, nunca mais.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.