22.10.22

Sono, para sempre

Não é bem ter sono. Deito-me no sono como neste colchão, cubro-me com ele, enfio-me nele como num envelope. Afaga-me, acaricia-me com as suas experientes mãos, repreende-me se lhe resisto, relembra-me os tempos - agora distantes - em que eu o detestava. Abençoado sono, que todas as noites me transforma, metamorfose quotidiana: deito-me um, acordo outro. Há sessenta e cinco anos que isto dura e a cada noite gosto mais dele, história de amor que só acabará quando ele ganhar. Para sempre.

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