Bebo-te vida num copo de vinho ou nesta tarde encharcada de sol ou em tudo o que te fiz de que estou orgulhoso ou em tudo o que lamento, bebo-te de um trago só, até ao fim e como-te também. Às vezes de garfo e faca, outras com as mãos lambuzadas, outras ainda como-te só com os olhos ("os olhos também comem"), pouco importa. Esfrego-me em ti, agradeço-te as carícias e as porradas todas que me deste e foram tantas, juro que nunca te serei fiel, que nunca deixarei de flirtar com outras vidas, com as outras cores. Conheço-te como se te tivesse feito e de ti nada sei. Nem de mim sei, quanto mais de ti. Limito-me a comer-te, beber-te, viver-te.
E agradeço-te, claro.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.