O mundo exterior aborrece-me. É monótono na melhor das hipóteses e maçador na maioria das vezes. Prefiro olhar para dentro. "Nada do que é humano me é estranho." Já fui quase tudo e o que falta serei. Basta esperar. Interagir com o real é como jogar ténis à parede. Já comigo há um jogador do outro lado da rede. O mundo exterior é como o recreio de uma escola: vazio é feio e cheio barulhento. Refugio-me em mim, onde tudo se alterna ou baralha ou mistura ou acontece simultaneamente. Tenho em mim toda a ordem e toda a desordem do mundo. Quando vejo vejo-me, quando sou olhado não sou visto. Tal como Sísifo subia pedras eu levanto paredes e logo a seguir destruo-as. Não escrevo, escrevo-me. Não vivo, vivo-me. Não morro.
Somos dois.
ResponderEliminarManuel Monteiro