24.4.23

Culpa, clima

Todas as religiões pensam que o Homem é culpado de tudo, se bem sóo cristianismotenha o conceito de pecado original. O catolicismo inventou a fórmula "Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa" (a dizer batendo no peito) que tem por função exorcizar essa culpa. A religião ambientalista encontrou o CO2 como bode expiatório - é a função do demo no catolicismo - e portanto atribui à humanidade a culpa de fenómenos que ela não pode de todo controlar. O clima anda a mudar há milhares de anos - graças à paleoclimatologia já se tem uma visão relativamente clara dessas "alterações climáticas" - mas a necessidade de se bater no peito é transversal a todas as religiões. O ambientalismo consegue, contudo, o prodígio de ser mais nocivo do que o catolicismo: o Armaggedon climático é para amanhã e se não nos arrependermos o Apocalipse seguir-se-lhe-á inevitavelmente. Infelizmente, para os crentes ambientalistas, para salvar a humanidade não basta bater no peito e dizer mea culpa: é preciso levar a civilização ocidental à miséria para nos salvarmos todos - ao contrario do cristianismo, que é uma religião individualista (a salvação é individual) - o ambientalismo é uma religião colectivista (ou nos salvamos todos ou morremos todos. Não é por acaso que os ambientalistas atribuem ao capitalismo, a que eles chamam neoliberalismo, o papel do Demónio). 

É curioso ver que as outras grandes religiões - o Islão e o Budismo - não produzem outras sub-religiões laicas. Nos paises budistas e muçulmanos os movimentos ambientalistas são inexpressivos.  

O ambientalismo devia criar um mecanismo individual de expiação da culpa e deixar de acreditar que o homem tem poder sobre mecanismos que claramente o excedem. A hubris ambientalista vai dar mau resultado, como todas as hubris.

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