Regresso a Palma, regresso a casa. Às casas: Núria e Roberto, Cláudio, Gibson, Puente, Cantina, numa desordem total, tão cronológica como afectiva. Estou cansado, exausto, só me apetece beber mais um rum no Gibson mas nem a empregada acha necessário: não me liga nenhuma, não vem perguntar-me se quero mais um. Hesito. Penso nas casas que tenho para visitar nos próximos dias: Jaume, Joan, os dois do Gustar de cujo nome nunca me lembro (Tom e Fidel), François, a Insular para comprar postais e enviá-los às pessoas que não estão aqui e deviam estar, porque contribuem tanto para fazer da cidade o que é como as que cá estão.
(Da função social/essencial da ausência.)
.........
Estou-me tão nas tintas para o 25 de Abril como para o Natal, a Páscoa ou o aniversário da senhora Idalina da mercearia.
Não sei se estou mais vezes sozinho do que acompanhado por ser assim ou se sou assim por.... etc. Venha o diabo e escolha.
Ou diaba, se preferir.
(As feministas deviam pensar nisto: referimo-nos sempre aos demónios, diabos e outros males no masculino. Cf. mal, mâle, males, mâles.)
.......
Não devia ter pedido o segundo rum no Gibsons, eu sei (ou melhor, sabia). Mas que é um regresso senão acumular arrependimentos? (Afogá-los?)
.......
A gravidez do P. está quase a acabar. Terá durado um pouco mais de cinco anos, quando finalmente eu pegar no bote para o levar para a Costa Brava.
Terá a montanha parido um rato? Ou um rato a montanha?
........
É fácil viver sozinho: basta saber dançar com a solidão. Imagine-se uma longa valsa, maravilhosamente dançada nas maravilhosas ruas da cidade por um casal do qual só se vê uma das pessoas, seguido num travelling fluido, sinuoso e escuro. Uma valsa bonita, bem dançada. Viver sozinho é isso, se bem nem sempre a valsa venha bem dançada.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.